Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), 80% das pessoas vão sofrer pelo menos duas crises de dor na
coluna ao longo da vida. Se pararmos para analisar essa informação
podemos ver que uma porcentagem grande delas vai conviver, ou convive
com dor crônica por anos e anos, pois apesar do problema ser comum e
frequente muitas nunca buscam tratamento ou informação adequada.
O que é a Escoliose?
A escoliose é um termo da área da medicina retirado de uma palavra
grega que significa curvatura. Essa doença costuma se desenvolver em
adultos após os 18 anos, causando uma curvatura lateral na coluna para a
esquerda ou para a direita. A escoliose em adultos é causada por:
1. Evolução da doença a partir da infância
Isso geralmente ocorre quando a escoliose não é tratada logo no
início ou não foi detectada durante a infância. As curvaturas da
escoliose podem ser torácicas, lombares ou ambas.
2. Degeneração assimétrica dos elementos da coluna
Isso pode ser causado por osteoporose (osso poroso),
degeneração de disco, fratura de compressão ou uma combinação disso.
Essas condições geralmente afetam a coluna lombar e podem afetar altura,
formato ou integridade estrutural básica da coluna vertebral.
3. Combinação das causas número 1 e 2
As
curvas normais da coluna ocorrem nas regiões
cervical, torácica e lombar. Essas curvas naturais posicionam a cabeça
acima da pelve e trabalham como amortecedores de choque para distribuir o
estresse mecânico durante o movimento. A coluna normal vista
posteriormente (por trás) parece reta desde o pescoço até o quadril.
Entretanto, uma coluna com
escoliose se dobra para a
esquerda ou para a direita, lembrando a letra S ou C. A escoliose é uma
doença tridimensional complexa. Para entender esse conceito considere
que, em alguns casos, como a coluna se curva de modo anormal, as
vértebras envolvidas são forçadas a realizar uma rotação. Se a rotação
ocorre no nível torácico da coluna, a torção da vértebra causa impacto
na caixa torácica e pode resultar em protuberância da costela no lado
oposto da curva. Em casos mais graves, as funções do pulmão e do coração
podem ser comprometidas.
A dor nas costas é a principal queixa da Escoliose
A dor é mais comum e mais grave na coluna lombar. Quando a dor é
torácica, normalmente o repouso proporciona alívio. Isso pode ser
confundido com a dor da artrite. Embora a escoliose seja conhecida por
causar deformidade (por ex., corcunda), raramente é ela quem conduz o
paciente a procurar um médico. A escoliose pode causar falta de
assimetria entre as orelhas, os ombros, na caixa torácica e pelve do
paciente. Uma pelve assimétrica pode levar à falta de equilíbrio do
tronco e pode fazer com que o paciente pareça inclinado para um lado. A
escoliose pode causar protuberância da costela de um lado e diferença de
comprimento da perna, o que geralmente resulta em disfunção no modo de
andar. Dor, dificuldade nas posições sentada ou em pé, falta de
flexibilidade e rigidez da coluna geralmente estão associadas com a
escoliose. De forma rara, a escoliose em adultos afeta negativamente a
função cardiopulmonar (coração e pulmões) ou causa enfermidades
neurológicas. Porém, é importante realizar uma avaliação médica e
ortopédica completa com um médico especialista em escoliose em adultos.
Processo de Diagnóstico da Escoliose
Diagnose: Histórico Médico e Familiar
A escoliose em adultos requer uma revisão cuidadosa da história médica
pessoal e da família do paciente. Dados sobre tabagismo devem ser
observados. A articulação da coluna e/ou doença vascular periférica são
avaliadas por envolvimento, já que ambas costumam causar dor nas costas
de modo semelhante à escoliose. Na escoliose grave, a função
cardiopulmonar (coração e pulmões) do paciente pode ser avaliada.
Exame Físico
Um exame físico completo revela muito sobre a saúde e a condição física
do paciente. O exame proporciona uma base a partir da qual o médico pode
medir a evolução do paciente durante o tratamento. O médico irá
observar o paciente em pé (de frente e de costas), procurando por
anormalidades de simetria nos ombros, caixa torácica e pelve. Pacientes
com escoliose podem apresentar corcunda, um lado do quadril mais alto
que o outro ou podem parecer inclinados para um lado. No caso de
escoliose mais grave, a função cardiopulmonar é testada.
O exame físico também inclui:
1. Teste de Adam, que requer a inclinação do paciente para frente até a
cintura. Através da visão posterior (pelas costas), a suspeita de
escoliose ocorre se uma protuberância torácica (no meio das costas) ou
lombar (na parte inferior das costas) for aparente.
2. Uma saliência na costela pode ser medida em graus através da
utilização de um escoliômetro. Com o paciente curvado na altura da
cintura, o escoliômetro é colocado sobre a saliência na costela.
3. O comprimento da perna é medido e comparado para determinar a diferença.
4. Uma linha de prumo é fixada na parte posterior na altura da 7ª
vértebra cervical (C7) e fica pendurada até abaixo da linha do quadril.
Em uma coluna normal, a linha passa por entre a junção dos dois glúteos
(pelo meio das nádegas). Na escoliose, a parte da coluna com a
deformidade irá se acentuar para a direita ou para a esquerda em relação
a essa linha.
5. Com a manipulação, é possível determinar anormalidades na coluna
através do toque. Os músculos das costelas (torácicos) ou lombares podem
parecer mais salientes de um lado da coluna do que do outro.
6. O alcance do movimento mede o grau de extensão que o paciente
consegue alcançar com relação a movimentos de flexão, extensão,
curvatura lateral e rotação da coluna. A assimetria também é observada.
Exame Neurológico
A avaliação neurológica inclui uma análise dos seguintes sintomas: dor,
adormecimento, parestesia (por ex., zumbido), sensação nas extremidades e
função motora, espasmo muscular, fraqueza e alterações nos intestinos
e/ou na bexiga. Deve ser dada uma atenção especial para a identificação
do padrão da dor.
Radiografia da coluna
Exames de raios X indicam se as curvaturas da escoliose são estruturais
(principais) ou não estruturais (secundários). O paciente fica em pé
para expor toda a extensão da coluna para a imagem de raios X em PA
(posterior/anterior, ou frente e costas) e lateral (lado). Algumas vezes
são utilizados raios X de curvatura lateral AP para avaliar a
flexibilidade da coluna.
Classificação da Curva
As curvas são classificadas de acordo com o padrão (formato) e tamanho (gravidade).
1. A classificação de King divide as curvas da escoliose em cinco
padrões. Por exemplo, as curvas de King Tipo III são principalmente
curvas torácicas únicas.
2. A medida de ângulo Cobb utiliza um raio X AP de extensão total
padrão. Cálculos geométricos determinam o ângulo da curva em graus.
3. A técnica de Nash-Moe mede a rotação dos pedículos através da divisão
do corpo vertebral em segmentos. O segmento no qual está localizado o
pedículo quantifica a rotação.Tratamento e Recuperação
Escoliose tem cura? Quais os tratamentos?
Os sintomas da escoliose descritos a seguir podem ser utilizados para
determinar opções de tratamento: dor persistente que não pode ser
aliviada, progressão da deformidade e redução da função cardiopulmonar
(rara). O tratamento conservador não cirúrgico pode incluir: calor
úmido, medicamentos para dor e inflamação e exercício. Raramente o
colete é utilizado para ajudar a controlar a dor. Ele não irá corrigir
ou curar a escoliose. A maioria dos pacientes adultos com escoliose não
necessita de cirurgia.
Cirurgia de Escoliose
A maioria dos pacientes adultos com escoliose não necessita de
cirurgia. Esse procedimento pode ser considerado no caso de existir:
1. Curva torácica (no meio das costas) superior a 50 graus com dor persistente.
2. Curva torácico-lombar (meio e parte inferior das costas) progressiva.
3. Curva lombar (parte inferior das costas) com dor persistente.
4. Diminuição da função cardiopulmonar (coração e pulmões) devido à curva torácica.
5. Aparência, deformidade.
O controle da dor costuma ser a razão da cirurgia de escoliose em adultos.
O cirurgião decide o(s) procedimento(s) que irá(ão) proporcionar
maior benefício possível ao paciente. A intervenção cirúrgica pode
incluir a remoção de um disco intervertebral (por ex., a discectomia) em
combinação com instrumentação e fusão espinhal. A instrumentação
espinhal utiliza hastes, tubos, fios, parafusos e outros tipos de
unidades metálicas projetadas para uso médico. Em combinação com a
fusão, a instrumentação estabiliza os segmentos espinhais, intensifica a
fusão e proporciona uma solução permanente. Esses procedimentos
permitem ao paciente sentar de forma ereta, reduzindo assim o risco de
complicação cardiopulmonar com aumento da mobilidade. Esse tipo de
cirurgia pode ser realizado com segurança em adultos com deformidade
espinhal, geralmente com excelentes resultados.
Recuperação
Tanto no caso de tratamento conservador ou cirúrgico, a fisioterapia
pode ser incorporada para a aquisição de força muscular e aumento da
extensão do movimento e da flexibilidade. É importante seguir
cuidadosamente as instruções fornecidas pelo médico e/ou fisiatra.
Quaisquer dúvidas com relação a restrições profissionais e de atividades
físicas devem ser discutidas com seu médico e/ou fisiatra. Eles poderão
sugerir alternativas seguras